quinta-feira, 22 de março de 2012

Hoje estou assim...


Este é o meu lado "lamechas", porque os poemas de amor vivem em mim. Não que seja uma pessoa romântica e muito sonhadora, não sou! Sou, às vezes até, demasiado realista. Contos de fadas não fazem parte, nunca choro nos filmes românticos e detesto aquela paixão exagerada, seja em que idade for, se bem que a tolero melhor na adolescência.
Pelo contrário, gosto do estilo romântico na decoração, no vestuário e até na poesia. Só que na poesia, a realidade é outra.

Gozo e Dor

Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
- Não, ai, não! Falta-me a vida,
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.

Dói-me a alma, sim, e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração poisou.
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.

É que não há-de ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida ou a razão.
Almeida Garrett (1799-1854)

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